
Carlos Resende já era a grande referência, enquanto jogador, do andebol português. No meu entender também já o é enquanto treinador. Ou seja, Carlos Resende é a grande figura de sempre do andebol português, ponto.
Se lhe perguntarmos se o é, ele responde que o melhor jogador português foi Viktor Tchikoulaev porque fazia muitas coisas que ele não fazia, e arranjará certamente também um outro nome para melhor treinador, porque ele é assim: humilde.
Esta humildade genuína faz de Carlos Resende uma pessoa especial, fora do comum, capaz de respeitar toda a gente e olhar para todos de uma forma simpática e atenciosa, sejam colegas, jogadores, alunos, jornalistas, etc.
É notável a forma serena com que ele se apresenta no banco, mesmo nas situações mais adversas, sejam elas situações de grande pressão ou de injustiça como erros de arbitragem grosseiras, por exemplo. Em todos os momentos passa uma mensagem de grande tranquilidade aos seus jogadores, nunca perdendo o controlo emocional, passando certamente este mesmo equilíbrio, este saber estar aos seus liderados.
No entanto, não é só a sua conduta ou a sua postura que faz de Carlos Resende um grande treinador. Sem dúvida nenhuma que o seu vasto conhecimento técnico que foi adquirindo enquanto jogador, depois como treinador e, certamente também enquanto aluno universitário de Gestão de Desporto que lhe foram dando um conjunto de ferramentas essenciais para abordar de uma forma eficaz o treino e o jogo ao mais alto nível competitivo.
Por fim, a capacidade de motivar os seus atletas. Fazer-lhes acreditar que era possível alcançar os êxitos que foram obtidos. Faze-los acreditar que as diferenças entre a equipa do ABC e as restantes três candidatas ao título eram curtas ou inexistentes. A superação face às adversidades como são os casos das lesões em atletas influentes ao longo de toda a época.
Todas estas características enunciadas fazem-me dizer que Carlos Resende é o “Senhor Andebol” em Portugal.
Em jeito de conclusão, deixo as principais características da sua liderança:
Competência Técnica – possui um vasto conhecimento técnico da modalidade. Dá respostas evidentes disso mesmo quando precisa de modificar o jogo da sua equipa, seja em termos ofensivos como defensivos. Complementa o seu trabalho com Carlos Ferreira, especialista na componente física do treino e no trabalho com os guarda-redes. Carlos Resende refere que formam uma “dupla-técnica”.
Capacidade motivacional – leva os seus jogadores a acreditar sempre e em qualquer momento que podem ser os melhores, que se podem superar, que se mantiverem unidos são mais fortes, que podem dar a volta por cima a uma contrariedade que surja. Basta relembrar os 4 últimos minutos do tempo regulamentar no último jogo do Campeonato com o Benfica.
Saber estar – prova que não é necessário ter uma postura agressiva no banco para captar a atenção dos seus atletas e para os manter focados. Ao invés, tem uma postura serena, passando sempre uma mensagem de tranquilidade, muitas vezes mostrando até boa disposição, sorrindo e fazendo os atletas sorrir porque no fundo trata-se de fazer o que eles mais gostam… jogar Andebol, tendo por isso de tirar o máximo proveito enquanto jogam.
Foto: facebook.com/carlos.resende