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Campeonato do Mundo do Grupo C 1976: Campeões do Mundo!

À semelhança do que realizei no artigo de outubro de 2016, sobre a Final inédita do ABC na Liga dos Campeões em 1994, propus-me novamente fazer uma viagem pelo passado e escrever desta feita sobre o primeiro grande êxito do andebol português: a conquista do Campeonato do Mundo do Grupo C em 1976. A estratégia que adotei foi a mesma, ou seja, reunir um conjunto de relatos de alguns dos intervenientes desta conquista.

Este campeonato era uma espécie de 3ª divisão do andebol mundial, competição esta onde Portugal era um habitual “cliente”. Depois da desistência da Inglaterra na organização da edição de 1976, Portugal avançou com a candidatura apesar dos custos inerentes a uma organização desta envergadura (cerca de cinco mil euros – mil contos no antigo escudo).

Conta Nuno Montenegro, jogador da Seleção de ’76 e treinador de referência do andebol português que fez parte, inclusivamente, das equipas técnicas de Aleksander Donner na Seleção Nacional já nos anos 90, que “o mundial de grupo C que se realizou em Portugal em 1976, foi uma autentica pedrada no charco do andebol da altura. Foi a visão de um presidente da federação, José Gomes Machado que, pela primeira vez criou todas as condições para que uma seleção tivesse uma preparação adequada”.

De facto, o primeiro estágio realizado por uma seleção de andebol em Portugal foi o de preparação para esta competição e logo de um mês. No livro dos 75 anos da Federação de Andebol de Portugal, o Selecionador Nacional de então, Prof. Ângelo Pintado, refere que “pela primeira vez fizemos um estágio num hotel. Um mês, num hotel em Cascais. Um luxo. Não havia prémios nenhuns, estarmos num hotel já era um prémio, mas tinha de deixá-los ir a casa ao fim de alguns dias, se não era muito tempo fechados. Ser atleta naquela altura não obedecia aos requisitos de hoje em dia”.

O lema escolhido para o campeonato foi “Expansão é a meta”, pois a federação apostava em difundir um jogo que era desconhecido em muitos locais e contava, por isso, com sete cidades do continente (Lisboa, Porto, Aveiro, Cascais, Évora Guimarães e Leiria) e ainda o Funchal para acolher os oito países participantes: Bélgica, Finlândia, Inglaterra, Ilhas Faroe, Holanda, Luxemburgo Suíça e… Portugal, claro está. No final, apenas três garantiam a presença no Mundial do Grupo B no ano seguinte, na Áustria.

Portugal estreou-se na competição com a Inglaterra com a impressionante vitória de 42-8! A este respeito, Luís Hernâni, uma das grandes referências desta geração, relata que “o nosso único treino na Ajuda [Pavilhão lisboeta que foi o principal palco da competição] foi antes do primeiro jogo. Íamos a sair e os ingleses a entrarem. Vinham todos bem equipados com fatos de treino novos e completos, ténis dos melhores. Grandes! Saímos aterrorizados quando os vimos. Ninguém sabia o que ia acontecer. Não havia vídeos para estudar os adversários”.

Campeonato do Mundo do Grupo C 1976: Campeões do Mundo!

Em baixo (da esquerda para a direita): Jorge, João Manuel, Adão, Montenegro, Espadinha, Morais, Costa F., Vasco Vasconcelos Em cima (da esquerda para a direita): Machado, Da Costa, (dirigente), Moura (treinador), Sousa, Diamantino, João Gonçalves, Hernâni, Carlos Silva, Ferreira, Franco Carrasco, José Manuel (capitão), Pintado (treinador) e José Gomes Machado presidente FPA)

Na segunda partida, frente à Bélgica, Portugal repetiu a vitória (21-15) e com este triunfo garantiu um lugar na fase final com Suíça, Holanda e Finlândia. No 3º jogo da 1ª fase, Portugal defrontou ainda a Holanda onde o guarda-redes Carlos Silva esteve “brilhante”, conforme é relatado, ajudado por Hernâni que apontou 8 golos no animador empate de 19-19.

Seguiu-se a Finlândia nas meias-finais e com o Pavilhão da Ajuda a abarrotar, Portugal derrotou os nórdicos por 26-21, garantindo a Final e o tão desejado apuramento para o Grupo B.

Já na Final, Portugal teria de defrontar a Suíça, uma seleção já algo profissionalizada que trazia um técnico jugoslavo (uma das grandes escolas de andebol), um técnico para tratar dos aspectos físicos e psicológicos, para além de um responsável pela estatística, um fotógrafo e um operador de câmara para filmar e editar as imagens. No entanto, é no campo que se desfazem as diferenças e Portugal triunfou perante um Pavilhão da Ajuda completamente lotado que levou mesmo a um atraso do apito inicial de cerca de 20 minutos, pois havia inclusivamente gente em cima das balizas! O 20-15 final fica para sempre na história do andebol português, pois ainda hoje é o resultado do único título internacional de uma seleção principal masculina portuguesa.

Nuno Montenegro diz que “em termos desportivos correspondemos da melhor maneira, comandados por um homem que para além de um excelente treinador foi um condutor de homens excepcional”. Carlos Silva complementa referindo que “não só o conhecimento, como nos obrigaram a ser melhores, pela via do trabalho árduo, do não virar a cara à luta, no acreditar”. Relativamente à exigência do técnico Ângelo Pintado, Armando Espadinha, outro jogador desta Seleção, conta que “tudo o que o treinador nos mandava fazer era cumprido à regra como, por exemplo, correr durante vinte minutos na mata junto ao Estádio Nacional”, no entanto, Espadinha também confessa com algum humor que por vezes “a corrida era apenas de 10 minutos (…) molhávamos a cara e esperava-mos que o tempo passasse e depois chegava-mos com ar de muito cansaço”.

Relativamente a estas histórias, Nuno Montenegro conclui referindo que “há umas quantas sobre este evento, totalmente inédito para o andebol da época (…) que neste espaço é impossível transcrever”.

Na imagem que ilustra este artigo estão o nomes dos heróis de ’76, jogadores estes que abriram definitivamente “as fronteiras” ao andebol português, colocando-o no mapa internacional da modalidade, que duas décadas mais tarde iria culminar na participação em fases finais de Campeonatos do Mundo e da Europa. A este respeito, Carlos Silva refere que “demos ao país aquilo que era impensável, contando com o apoio dos portugueses que gostavam da modalidade e fruto das vitórias que fomos obtendo, arrastando para o andebol milhares de pessoas que até aí não gostavam de andebol. Foi bonito, foi grandioso, devia ter sido o início de uma caminhada forte e apoiada por quem de direito, mas não foi, alguns não quiseram e as oportunidades não surgiram. Mas, acho que fomos os pioneiros de gerações vindouras, que foram bem longe, ficou talvez, digo talvez, o exemplo, não sei, por vezes tenho dúvidas, eu e todos aqueles que estivemos nesse momento bonito do andebol português.” Ângelo Pintado, na edição de 15 de dezembro de 2006 do Jornal Record, aquando da comemoração dos 30 anos desta efeméride, vai mais longe referindo com orgulho que “contribuímos para que o andebol se tornasse a modalidade número 1 em Portugal”.

Documentos de apoio:

- Livro dos 75 anos da Federação de Andebol de Portugal;

- Livro Oficial do campeonato do Mundo do Grupo C de 1976;

- Jornal Record, edição de 15 de Dezembro de 2006.

 

Agradecimentos: Armando Espadinha, Carlos Silva, Cláudia Teixeira (FAP), Luís Hernâni, Mário Santos e Nuno Montenegro. A todos o meu muito obrigado pela preciosa colaboração!

 

Foto: Publicação “Equipa”

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